Yeah! Nosso quarteto de velhinhos favorito lançou, após cerca de uma década, um novo álbum de estúdio, Blue & Lonesome, totalmente dedicado ao blues. Saiu em 2 de dezembro e, diz a lenda, os Stones estavam no estúdio British Grove, do nosso herói Mark Knopfler, tentando gravar um álbum de inéditas, mas emperraram um pouco. Daí resolveram desenterrar alguns velhos blues para entrar no clima e... Três dias depois, tinham material suficiente para lançar um álbum só com eles.
E ficou sensacional: a sensação é a de que os caras voltaram aos anos da Invasão Britânica e gravaram um bom conjunto de standards, passando por Little Walter, Howlin' Wolf, Willie Dixon, Memphis Slim, Buddy Johnson, e por aí vai. São doze ótimas faixas, gravadas propositalmente à moda antiga: ao vivo em estúdio, e sem overdubs. Temos aqui a presença marcante de Mick Jagger na gaita, sem grandes virtuosismos, mas inundados de feeling. Quem precisa de firula quando se tem suor na testa?
Mick Jagger, sempre digo, é um cara que engana: sua voz parece ser daquele tipo que não estraga por não castigar seu dono, como fez Robert Plant ou Axl Rose, o que pode até ser verdade, comparando com esses, mas chegar à casa dos 70 com uma ótima e potente voz não é pra qualquer um. Na verdade, esse cara fez algum pacto com o diabo, só pode... basta vê-lo em ação pra perceber que tem o blues nas veias, à la Robert Johnson.
O fato é: não há como um bom admirador do bom e velho "blues de raiz" não gostar desse álbum. Quem não conhece a discografia pode ser facilmente enganado se alguém disser que tem quarenta e poucos anos. Muitas vezes me lembrou algumas gravações dos Yardbirds. Por sinal, há a sutil participação do deus da guitarra, Eric Clapton em duas faixas, entre elas a que fechou maravilhosamente o disco: I Can't Quit You Baby, do mestre Dixon.
Finalizando, já ouvi algumas vezes esse disco e continuo me surpreendendo. O único defeito talvez seja ser um pouco curto: apenas 42 minutos, justamente por ser o blues cru dos bons tempos de Muddy Waters, sem encheção de linguiça. É o tipo de álbum que eu compraria o disco original para exibir na estante. Os Stones fizeram, despretensiosamente, um dos mais belos discos de blues dos últimos tempos, mesmo num ponto da carreira em que não precisam provar mais nada a ninguém. Agora, nos resta ouvir bastante enquanto esperamos o tal disco de inéditas. Aumente o volume e abra sua cerveja!
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