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agosto 2015
O Netflix me surpreendeu ao mostrar, em seus destaques, uma figura bem conhecida: a inigualável Nina Simone. Dona de uma voz ímpar e personalidade fortíssima que já se impõe mesmo a quem nunca a escutou: basta olhar para uma de suas fotos e perceber que não era uma pessoa fácil de se lidar. Talvez esse seja o grande carma dos gênios e lendários.
Este documentário de 1:42h nos transporta ao mundo segregado dos EUA, tão presente quando pesquisamos alguma figura carimbada do blues ou do rock primitivo. O racismo exacerbado dava a pessoas como ela duas opções: baixar a cabeça ou levantar a voz. Ambos tinham consequências, às vezes dramáticas, como foi com Martin Luther King. Nina foi uma forte ativista pelos direitos civis dos negros e bastante radical, usando o microfone para falar coisas que mesmo hoje seriam assustadoras.Imagine naquela época!
Sua vida pessoal foi profundamente afetada pela profissional, que por sua vez sofreu as consequências de seu ativismo. Por muito tempo se sentiu exausta pelos compromissos, criando uma relação difícil com seu empresário e marido. Os desabafos sobre a violência doméstica são inevitáveis e tudo se agravou com seu transtorno bipolar. Mudou-se para a África e para a Europa, um reflexo de sua mente sempre perturbada. Mas os verdadeiros fãs jamais a abandonaram. Morreu aos 70 anos, na França e entrou definitivamente para a história.
Nina possuía uma sonoridade única, mágica e sombria, firme e intensa. Um poço de personalidade e atitude. Impossível não se deixar envolver. Confira abaixo o trailer e corra para assistir ao filme.
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* Este post foi publicado originalmente no site Troca o Disco, a qual sou colaborador. Confira mais posts e aproveite para conhecer o TDCast, podcast quinzenal dedicado à música.
Em 2010 eu tinha um emprego bem convencional: ficava atrás de um balcão numa faculdade particular resolvendo coisas que não me interessavam, lidando com pessoas que jamais lidaria por vontade própria. Me sentia um estranho no ninho, completamente solitário em meio a tanta gente. Isso até chegar as 7 da noite, quando a internet não estava uma lesma e eu conseguia abrir o player no site da rádio Eldorado (SP). Era a hora da Sala dos Professores!
O Sala era um programa curtinho, de vinte minutos, que rolou de segunda a sexta por uns sete anos, sob o comando de um cara chamado Daniel Daibem, guitarrista e pesquisador do jazz e da (boa) música brasileira. O programa tinha esse nome porque era como se os grandes mestres, como Dizzy Gillespie, Miles Davis, Louis Armstrong John Coltrane e Cannonball Adderley nos ensinassem, nesses vinte minutos o que era esse gênero musical tão amplo e misterioso. O Daniel adorava nos mostrar as conexões, as "fórmulas" e regras jazzísticas e como nossa música foi e é influenciada por ele.
Coincidiu com uma época em que eu busquei muito o jazz e aprendi muito com ele. Houve, nessa época, uma extensão do programa no Bourbon Street Music Club, o Sala do Professor Buchanan's, onde grandes músicos eram levados ao palco e, entre uma música e outra, conversavam um pouco com o Daniel e respondiam perguntas do público, sempre nesse sentido didático, para leigos entenderem. Isso era transmitido ao vivo por vídeo e alguns trechos eram apresentados no programa regular. Passaram por esse projeto nomes como Hermeto Pascoal, Dominguinhos, John Pizzarelli, Stanley Jordan, entre muitos outros. Algum tempo depois também surgiu o projeto Na Roda, também no Bourbon Street, no meio da plateia, onde Daniel e seu grupo Hammond Grooves (hoje com outra formação) sempre tinham convidados ilustres.
Como saí do emprego e mudei todos os meus horários, deixei de acompanhar, ao menos ao vivo, o programa, por isso não sei dizer quando saiu do ar, mas lembro que já estava realmente ficando repetitivo. A mensagem já havia sido passada e foi um ótimo trabalho. Felizmente a Eldorado manteve grande parte dos áudios disponível para o público, e você pode, agora mesmo, sentir um pouco ou relembrar o Sala. O link está a seguir, juntamente com o da fanpage do Daniel Daibem, que continua tocando por aí. Ainda encontrei alguns vídeos do programa no Bourbon Street. Enjoy!
* Este post foi publicado originalmente no site Troca o Disco, a qual sou colaborador. Confira mais posts e aproveite para conhecer o TDCast, podcast quinzenal dedicado à música.
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