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Categoria: Ari Frello


Às vezes a paixão bate forte e não restam outras alternativas, é hora de começar a juntar a rapaziada e começar uma banda para fazer um som. Mas é nessa hora que surge a primeira tarefa, comemorar com um bom churrasco digo, é preciso definir o primeiro set list / repertório de blues.

Minhas considerações iniciais para definir o primeiro set list / repertório de blues

Leve em conta o grau de dificuldade de cada canção.
Às vezes é importante levar em conta o nível musical de cada um, principalmente no inglês de quem vai cantar, do baking vocal ao vocalista. Escolher as canções aleatoriamente e mandar o cabra fazer um curso de inglês não é atitude de brother, salvo as devidas exceções como por exemplo: quando cada músico já está faturando seus R$ 1.000,00 de cachê por show. Caso a realidade ainda não seja essa, é importante levar em conta as limitações financeiras da banda, a realidade cultural da Terra de Santa Cruz.

Toque coisas que você ouve.
O primeiro set list / repertório de blues deve ser familiar, pois tocar o que você ouve contribui para a qualidade do show, quando você conhece as canções do set list tudo fica mais fácil. E uma das características mais importantes para quem está de frente para o palco, sem dúvida é o entrosamento da banda. A naturalidade, a alegria, o prazer em tocar sem dúvida são as características que convencem o público.

Não é hora de se rotular.
Muita gente comete esse erro já de cara, mal começaram a ensaiar e já vem um colega ingênuo ou mal intencionado querendo rotular a banda. Dentro do próprio blues existem uma série de eras e estilos então não se prenda a rótulos, experimente o que cai melhor para a banda, lapide sua proposta fazendo experimentos, pinçando estilos diferentes, levando em conta a excelência do primeiro set list / repertório de blues.

Ensaie e depois vá atrás de shows.
O erro fatal, ensaiar depois de um show marcado, se você não tem 10 anos de palco, não cometa esse erro de principiante. É importante investir no entrosamento da banda e depois correr atrás de alguns shows experimentais para pôr em prática o primeiro set list / repertório de blues.

Dê uma olhada no que está rolando
Se você não tem experiência de palco ou de produção musical vou lhe contar um segredo: nem sempre uma canção original de estúdio dá certo ao vivo por isso, é bem interessante procurar registros ao vivo das canções que você pretende escolher para o seu set list.


Definindo o primeiro set list / repertório
Se você chegou aqui procurando uma sugestão para o seu primeiro set list / repertório de blues, é agora que eu falarei sobre isso, seguem algumas sugestões:

O tradicional shuffle
Já comecei de cara falando sobre o shuffle, pois se a banda é de blues têm que tocar pelo menos um shuffle no show como por exemplo as canções;

– Sweet Home Chicago
– Bright Lights Big City
– Dust My Broom
– I just wanna make love to you e key to the highway.

Soul blues
O blues ideal para requebrar o esqueleto:

– If you love like you say
– Mustang Sally
– Get out my life woman
– The thrill is gone

Slow Blues
Alguns chamam de blues arrastado ou lento:

– She’s nineteen years old
– Hoochie coochie man
– Walking blues
– I`Cant Quit You Baby

Boogie
Algumas das canções que eu exemplificarei aqui não são consideradas Boogie de fato, mas levando em conta a sua semelhança rítmica, vamos lá:

– Trouble No More
– John Lee Hooker – Boom Boom
– Howlin’ Wolf Boogie
– Down In The Bottom




Instrumentais
Para quem está começando, é indispensável inserir alguns instrumentais no repertório, geralmente o público gosta muito. E para ajudá-los com essa tarefa eu quero recomendar não apenas um álbum, mas dois álbuns instrumentais do grande Freddie (o cara) King, Let’s Hide Away and Dance Away With e Bonanza of Instrumentals.






Blues fora da caixa
Houve uma fase na história do blues que eu considero muito rica e inovadora, mas desprezada pelos mais radicais e apreciada por caras assim como eu, as décadas de 1960 e 1970. Seguem algumas das minhas preferências:

– B B King – King Size


- Freddie King - Burglar


– Freddie King – Woman Across The River



– Muddy Waters – Electric Mud



– Shuggie Otis – Freedom Flights



Pontos Importantes no primeiro set list / repertório de Blues

1 – Objetivo do show 
As pessoas saem de casa para se divertir, viver um momento descontraído, dar umas risadas, cantar com a banda e se divertir. Então, pense nisso na hora de escolher o set list. Vá a shows, assista a vídeos, observe a dinâmica da banda, dê sentimento as canções, saiba como conduzir o público. Tenha em mente que às vezes eles querem apenas ouvir a banda tocar, tomar uma cerveja artesanal e conversar sobre a vida.

2 – Um repertório acessível sempre cai bem
Sei que você adora tocar aquela canção que a gente chama de “lado b”, músicas que ninguém conhece, aqueles artistas de dois fãs sendo que um é você. Mas, saiba que para retornar a casa é preciso que você seja familiar aos clientes. Por isso, ser criativo é um tempero importante para o set list. Tocar um Beatles (que todo mundo conhece) numa levada blues não vai macular a sua trajetória.

Bem, espero que eu tenha contribuído, desejo a você sucesso na caminhada e muitas histórias para contar.


Ari Frello é guitarrista, violonista, gaitista, cantor, compositor, produtor musical e professor de música. Está na estrada desde 2008 e se tornou conhecido por seu trabalho como "One Man Band". Já lançou três álbuns autorais e divulga seu mais recente, Ari Frello One Man Band Take 01, com suas versões de clássicos.
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Nada de vocais: Apenas sinta a música. Confira o novo álbum da Distintivo Blue

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O one man band Ari Frello acaba de anunciar, em suas redes sociais, o lançamento de sua primeira coletânea, em comemoração à marca de dez mil seguidores em seu perfil no Instagram. Entre covers e autorais, a compilação traz dez faixas, de seus quatro álbuns lançados: Pra onde eu for (2012), A simple man until the end (2014), No caminho (2015) e Take 1 (2017). O download é gratuito e pode ser feito através deste link.

Setlist:

1) Look of Fire
2) No Caminho
3) I Just Wanna Make Love to You
4) Pra Onde Eu For
5) A Simple Man Until the End
6) The Song of Soul
7) Maior que Tudo
8) Highway 61 Blues
9) Mustang Sally
10) Crossroads Blues




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A cantora Lucille Berce concedeu entrevista exclusiva à BLUEZinada! (Foto: divulgação)

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O pianista concedeu uma longa e interessantíssima entrevista ao canal Vivendo de Música. Vale a pena reservar um tempinho para conferir.

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Resenha deste incrível album-tributo a uma das maiores bandas de rock da história em inusitado formato jazzístico.

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Ari Frello. Foto: Thiago Campos

Com o passar dos anos meu conceito sobre alguns assuntos pertinentes a cena artística nacional mudaram muito, minhas opiniões seguiram por um caminho que não era o mais belo porém concreto. O problema é que lidar com a verdade da vida quase sempre é sinônimo de dor, e acho que é por isso que certos mitos ainda persistem em nosso meio.

Gênio da Lâmpada, Pote de ouro no final do arco-íris e Padrinho Artístico são lendas criadas pelo imaginário popular com o intuito de semear um pouco de fé nos corações das pessoas para que elas não se angustiem tanto com a dura realidade que insiste em bater em nossa porta todos os dias.

Todo artista mais hora menos hora sempre topa com alguém com muitos contatos, que geralmente é um pouco mais velho e que se diz habilitado a levá-lo ao reconhecimento que você ou sua banda tanto merece. E mesmo que no fundo você sinta aquele frio no estômago pelo temor da provável ilusão (que na verdade não passa de uma ilusão de fato), a possibilidade de que todas as injustiças na sua carreira cheguem ao fim é tentadora. Por isso comparo o Padrinho Artístico com Gênio da Lâmpada e o Pote de ouro no final do arco-íris.

Na opinião geral, Padrinho Artístico é um profissional muito bem articulado que é meio produtor musical, meio empresário de bandas, meio descobridor de talentos que pode levar um anônimo ao topo das paradas de sucesso. Esse super-homem já existiu, na verdade tivemos alguns exemplares de pessoas que desempenharam estes papéis, um deles foi Leonard Chess, dono da Chess Records e que foi praticamente responsável por toda uma era do blues, o Blues Chicago. Leonard foi responsável pelo surgimento de Muddy Waters, Willie Dixon, Howlin’ Wolf, Etta James e mais um monte de gigantes da música. Será que nos dias de hoje existem pessoas capazes de fazer história como ele?

A geração do vinil alega que em sua época, tudo era muito mais difícil, desde comprar equipamentos, ter acesso a referências e até mesmo as viagens de uma turnê tinham que ser por terra, devido aos altos custos. Já a geração online alega que se tudo está disponível na rede vivemos hoje uma banalidade generalizada, coisa que dificultou em muito a inovação. O mundo mudou e a minha resposta a pergunta do parágrafo acima é não. Não teremos mais alguém como Leonard Chess!

Sim, você pode até encontrar um bom samaritano que mostrará os vídeos que você produziu( que foram pagos com o dinheiro do seu bolso em doze parcelas no cartão), das canções que você compôs e indicar para um show muito maneiro. Ou uma agência de eventos que verá seus vídeos e te incluirá no cast de artistas para que juntos consigam ganhar um pouco de reconhecimento financeiro, tudo na base da honestidade e como pode perceber em ambos os casos você já deve ter trilhado um tanto do caminho sozinho. Geralmente essas pessoas trabalham muito, tiram poucas férias e são muito ocupadas para jogar conversa fiada.

Então, quando aparecer alguém alegando ser a porta do sucesso em sua vida desconfie, é muito provável que este cara na verdade queira tirar proveito do que você já construiu sozinho, caso aceite a se submeter, rapidamente ele passará a tratá-lo como um saco de bosta. Essa é sim uma das maiores mazelas do mundo artístico atual, investir tempo procurando por atravessadores em vez de construir uma carreira edificada degrau por degrau.


Ari Frello é guitarrista, violonista, gaitista, cantor, compositor, produtor musical e professor de música. Está na estrada desde 2008 e se tornou conhecido por seu trabalho como "One Man Band". Já lançou três álbuns autorais e divulga seu mais recente, Ari Frello One Man Band Take 01, com suas versões de clássicos.
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Brasil, uma terra multicultural, com seus próprios contos, ritmos, lendas, uma terra de transpira arte de norte a sul será que existe espaço  para o blues na terra do funk?

Estereótipos – O blues na terra do funk
Eu diria a você caro leitor, que para os que julgam os outros pela sua simplicidade, certamente não há espaço para nada que possa ser musicalmente bom no brasil. Há quem defenda que a identidade musical do Brasil morreu nos anos 60. Provavelmente para eles levar o blues na terra do funk é como acender um fósforo dentro de um copo cheio d’água.

Dias inesquecíveis – O blues na terra do funk
As experiências mais incríveis que adquiri ao longo destes anos foram em apresentações ao ar livre, para pessoas que não faziam o tipo intelectual, demostrando sua satisfação a ouvir um som que apenas soou bem aos seus ouvidos.

Então, daqui eu posso abrir para vocês que na minha opinião, as dificuldades atuais quando o assunto é levar o blues na terra do funk não é culpa do povo, nem do funk, nem no pagode, nem do sertanejo e eu faço questão de listar aqui alguns motivos pelos quais o blues aparentemente tem acontecido menos por aqui.

01 – Os editais diminuíram drasticamente pois, após os grandes escândalos envolvendo artistas renomados, este tipo de prática denota um certo marketing negativo.

02 – Depois destes turbilhões de corrupção nos deparamos com muitas cidades em estado de falência administrativa.

03 – A criminalidade cresceu absurdamente, tornando assim os eventos reféns dos estabelecimentos fechados.

Hoje, analisando minha trajetória percebo que tenho uma relação muito pessoal quando o assunto é sobrepor obstáculos.

01 – Um neto de candomblecista que bebeu da cultura afro no meio de gente de bem.

02 – Que posteriormente quis conhecer mais sobre a espiritualidade numa igreja cristã e lá se aprofundou na música, mas teve sua origem subjugada.

03 – Que anos depois resolveu seguir uma carreira artística e teve sua legitimidade questionada por ser um “crente” e por outro lado foi excomungado pelos cristãos.

Experiência Pessoal – O Blues na terra do funk
São coisas como essas que criaram em mim uma relação bastante pessoal sobre as dificuldades do dia a dia, sempre fui questionado e isso é algo que normalmente acompanha a vida de todos, uns mais, outros menos. É o que eu sempre digo, só não vira assunto quem cruza os braços: faça por você e fique pronto para enfrentar novos opositores sempre.

Quem faz a cena acontecer de fato – O blues na terra do funk
Eu poderia dizer que defender o blues na terra do funk tem como dificuldade inicial a desunião e que, se o blues ainda resiste é graças aos desbravadores que com brilho nos olhos cativam a todos para ir em seus shows, que criam uma cena e são apunhalados pelas costas quando um artista de fora aparece e usufrui do público que ele criou, que na maioria das vezes sequer é convidado. Sim: para os desbravadores, difundir o blues na terra do funk é uma coisa muito ingrata.

“Se você não se sente representado não é da sua conta”, ouvi um grande pensador falar essa frase e realmente ele está certo. O funk é um estilo de música na qual certos tipos de pessoas se sentem representadas e até estas, na maioria dos casos, não  gostam das melodias dos famosos proibidões, que fazem apologia à pornografia, baixarias e violência.

E para você, é possível difundir o blues na terra do funk?

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Ari Frello é guitarrista, violonista, gaitista, cantor, compositor, produtor musical e professor de música. Está na estrada desde 2008 e se tornou conhecido por seu trabalho como "One Man Band". Já lançou três álbuns autorais e já trabalha no próximo. Siga-o no SpotifyYouTubeInstagramTwitter e Facebook.




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É inevitável, não há como conter essa grande massa de reclamões que se queixam o tempo todo, que alegam ser menos privilegiados do que àqueles que demonstram contentamento com suas carreiras. Os desbravadores, gente que abre caminhos para que a arte aconteça, que vive batalhando para que a cena da região sobreviva em meio aos infortúnios constantes de quem vive em nosso país, quase sempre são demonizados pelos reclamões.
“Aquilo que não causa minha morte, torna-me mais forte”. (Friedrich Wilhelm Nietzsche)

Esta citação resume bem a visão de Nietzsche sobre o sofrimento. Mas, não basta sofrer, pois, se assim fosse, todos seríamos felizes; todos passam por dificuldades na vida e nem por isso são felizes, ou deixam de passar por grandes dificuldades. A questão é como encaramos o sofrimento, as dificuldades, os fracassos.

Para definir metaforicamente sua visão, Nietzsche diz que devemos nos espelhar nos jardineiros. Um jardineiro depara-se com plantas cujas raízes são horríveis, monstruosas, mas o resultado que se obtém delas é sublime! Não há uma bela flor que não tenha uma raiz horrorosa. E é assim que devemos nos comportar, transformando a dor e o sofrimento (a raiz horrorosa), em algo belo (a flor), e proveitoso para nossas vidas.

Meu começo não foi fácil como a maioria dos meus colegas:


– Estava entrando num terreno que até então era praticamente desconhecido.

– Minha influência no meio era praticamente zero por não fazer parte de nenhuma panelinha.

– A maioria das pessoas me conhecia apenas como professor de música.

– E um dos maiores agravantes, todos sabiam que eu era cristão, e isso me fazia ser visto como um alienado.

Provavelmente você deve ter se ofendido caso seja adepto ou simpatizante do cristianismo e por isso explicarei melhor. Creio que devido a grande eminencia do politicamente correto, esse tipo de comportamento deve ter mudado ou pelo menos fez de quem pensasse assim, gente mais comedidas em suas opiniões. Mas essa era a realidade que eu vivia naquela época, naquele lugar, com aquele grupo de pessoas. Gente que acendia incenso achando que iria salvar o mundo e por isso, gente que acreditava que os cristãos eram pessoas inferiores intelectualmente, “gente que acredita em inferno”. Vai ver, eles temiam que no meio de um show eu iria sair gritando no palco Jesus salva, Jesus salva, como se um médico evangélico ao suturar, escrevesse um versículo da bíblia com o intuito de pregar religião àquela pessoa. Bobagem, a grande verdade é que seria menos um parceiro de pó, de fumo, um careta na área.

Sem mais delongas, eu tinha muito contra mim e mesmo com todas as opiniões contrárias eu não deixei de continuar lutando.

Agora, não pense que o fato de eu continuar lutando fez com que eu me enquadrasse dentro de certos ambientes, eu continuei vivendo um deserto por muitos anos e isso foi frustrante em muitos momentos.

Mas a paciência foi imprescindível nessa época, foi ela que fez com que novas oportunidades surgissem, novas gerações de proprietários de estabelecimentos foram dando as caras e aos poucos as coisas foram melhorando.

Então, finalmente eu consegui perceber que eu era alguém naquele lugar, as pessoas curtiam as minhas músicas, iam nos meus shows e uma somatória de pontos positivos fizeram com que eu passasse a ter o apoio inclusive dos meios de comunicação da região. Essa foi uma época que muita gente me ajudou e sou imensamente grato a todo apoio recebido.

Mas como ninguém é perfeito, logo depois de viver uma boa temporada, comecei a ouvir aquelas fofoquinhas do tipo:
– Fulano ouviu de ciclano, que ouviu de beltrano, que não sabe de quem ouviu, que você anda monopolizando as coisas por aqui,– Você é mau, te falta bondade na alma.– Quando tu não era ninguém a gente quem te ajudou (Quem me ajudou foram outras galeras, a nova geração que citei anteriormente).


Enfim, observem como os reclamões se comportam? Sempre menosprezando as conquistas dos outros?

Anos depois eu enchi o saco de tudo aquilo e me mudei para o Rio com o meu projeto One Man Band Blues que foi muito bem recebido por aqui. Mas infelizmente, vi que a realidade dos reclamões está por toda parte, na verdade eles existem em todos os âmbitos, pois reclamar é uma característica de nós humanos.

Como disse anteriormente, já identifiquei alguns reclamões por aqui também. Mas eu bem sei o que é ser um desbravador pois sendo um musico solo, com banda, One Man Band Blues, no rock ou no blues, eu sei muito bem o que eles sentem.

Se eu fosse compor um blues para os reclamões, a máxima poética dessa canção seria:

Os reclamões querem de mão beijada o que os desbravadores conquistaram debaixo de muito custo.

“Todo reclamão sempre pede choramingando,
O fruto de um guerreiro que o conquistou suando.”


Sei que não rimou tanto assim, mas é uma grande verdade. Todo desbravador sempre terá minha consideração, pode ter certeza.

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Ari Frello é guitarrista, violonista, gaitista, cantor, compositor, produtor musical e professor de música. Está na estrada desde 2008 e se tornou conhecido por seu trabalho como "One Man Band". Já lançou três álbuns autorais e já trabalha no próximo. Siga-o no Spotify, YouTube, Instagram, Twitter e Facebook.

Fonte: Ari Frello One Man Band



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