12/08/2017, Sesc Pompeia, São Paulo. Eddie Allen é um músico experiente e bastante ativo. Além de liderar grupos de diferentes formações e propostas (quarteto, quinteto, uma big band de 16 instrumentistas, um grupo de jazz afro-cubano e este septeto que se apresentou no Sesc Pompeia), ele atua como educador e participa de álbuns de outros grandes músicos, já tendo gravado com feras do jazz como Art Blakey, Benny Carter, Chico Freeman e Dizzy Gillespie. O show foi centrado nas faixas de seu último disco, Push (2014), e a formação que veio ao Brasil é quase a mesma do disco, exceto pelo baterista Rudy Royston e o saxofonista Darryl Lance Yokley Iisax.
Abriram o show com “Nakia”, a primeira faixa de Push, seguida de “Whispers in the dark”, um ótimo tema com bastante suingue, e a valsa “With open arms”. As composições de Eddie Allen demonstram um grande conhecimento da linguagem jazzística e, embora enraizadas na tradição do gênero, apresentam toques de contemporaneidade aqui e ali e dialogam com outros estilos.
O show prosseguiu com “Caress”, que começa como balada mas vira outra coisa, demonstrando toda a habilidade de Allen como compositor e arranjador, e “You were never lovelier”, composição nova e única música do show que não está em Push. Em seguida, Allen disse ao público que baladas são desafiadoras para qualquer músico e anuncia a belíssima “Who can I turn to?”, composição de Antony Newly.
Já perto do final do show, Allen anuncia “Hillside strut”, que, numa apresentação só de músicas excelentes, veio a ser a mais empolgante para o público, que aplaudiu entusiasmado o solo do trompetista, seguido pelos melhores improvisos de Mark Soskin e Kenny Davis da noite e, após quase vinte minutos (que passaram voando, como sempre ocorre quando todo mundo se diverte) finalmente por um solo de bateria de Rudy Royston.
Embora demonstre claramente ser o líder do grupo, muitas vezes dirigindo as dinâmicas das canções e indicando de quem será a vez de improvisar, o trompete de Eddie Allen ocupa o mesmo espaço dos outros instrumentos no palco, cada qual com espaços generosos para improvisar. Apesar da incrível qualidade de cada membro do grupo, o destaque é mesmo das composições e arranjos, um deleite para qualquer apreciador de boa música.
O septeto fechou o show com a faixa título de Push, mas eles voltaram para o bis para executar “You and I”, de Stevie Wonder, outra música de cadência mais lenta executada com preciosismo nas dinâmicas e com improvisos mais curtos por parte de cada integrante. Um grande final para um show memorável de um grande nome do jazz.
Fiz um álbum de fotos do show que me deixou particularmente contente, pois, apesar do lugar razoavelmente grande, acho que consegui dar a algumas fotos uma cara parecida com aqueles esfumaçados bares de jazz das antigas. Confira aqui.
Marcelo Davera vive em São Paulo-SP. Apaixonado por fotografia, tem predileção especial por street photography, concertos musicais e minimalismo. Em seu blog, Fotografista, publica algumas das suas melhores capturas em shows, acompanhadas por textos sobre as apresentações, para que o leitor conheça melhor o artista e o busque por conta própria.
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