O blues sul-mato-grossense dos Bêbados de volta. Fotos: Aurélio Vinícius
O que se pode escrever sobre o retorno no Blues Bar em Campo Grande da banda Bêbados Habilidosos após três anos de inatividade? Talvez o momento resumiu no pensamento de Tors: “O blues é um vampiro antigo que mordeu nossa geração; nós morderemos a próxima!”. Todos que estiveram no show no sábado (27) mataram a saudade da banda que há 20 anos introduziu esse som afro-americano do extremo sul dos Estados Unidos por esses lados antes denominado pelo sertanejo. Ousadia de músicos adoradores da boa música negra.
Uma noite que já se esperava ser mágica, pois a abertura do evento feita pela incrível banda Gessy & The Rhivo Trio que mais uma vez demonstrou que é hoje uma surpreende novidade musical do Estado, que tem em seu repertório canções de Janis Joplin, Etta James, Elvis Presley, Nina Simone, Amy Winehouse, Cindy Lauper e da eterna brasileiríssima Celi Campello. Gessica Fernanda (Gessy), Marcelo Rezende, Felipe Fernandes e Rodrigo Gasparetto novamente fizeram um show impecável, que aliás, pode-se notar que estavam até mais soltos a cada música. A participação de Layne Francinny com sua irmã Gessy deixou o público entusiasmado. Bela apresentação do duo familiar.
Mas, a grande expectativa era esse retorno que estava deixando todos curiosos, pois um novo vocalista seria apresentado e praticamente ninguém sabia que iria “ocupar” o lugar do grande e eterno Renato Fernandes que nos deixou precocemente. Por volta de 1 hora da madrugada todo o “mistério” terminou quando do início do show e no vocal estava lá um cara com a cara de bluseiro: Alvaro Vasques com os antigos “Bêbados”, Marcelo Rezende (baixo), Erick Artioli, Julio Belluci e Rodrigo Paiva. Assim começou à volta daqueles que sempre lutaram pelo blues e principalmente com qualidade incomparável.
É uma nova história, mas com a força da “Bêbados Habilidosos” como sempre o foi. O vocalista Alvaro Vasques entrou no palco um pouco nervoso, mas completamente feliz estar agora fazendo parte da família. Com humildade, disse que não estava ali para substituir ou ser melhor que Renato Fernandes,pois ele é insubstituível. Estava ali para dar continuidade ao blues que não deve morrer. Mas como passar das músicas, sobrou tranquilidade e mostrou que pode sim ser mais uma voz marcante na banda e com muita segurança.
No repertório, as belas e velhas canções que o público há tempos queria cantar, como: “Isso é o blues”, “Vendi minha alma”, “A volta do boêmio”, “Último gole”, “Amigos de copo”, “Perdedor”, “Whisky & Blues”, e tantas outras. Com isso, o show com a casa completamente lotada, demonstrou mais uma vez que a música autoral tem sim o seu grande espaço em Campo Grande, seja no blues, rock, regional ou outro estilo. Um público fiel que esperou para esse grande dia e que cantou e dançou no velho e bom estilo da “Bêbados e Habilidosos”.
Um momento especial foi quando o grande guitarrista Luís Henrique Ávila, que já participou da banda e hoje está no Projeto MPBlues e também com o bluesman Zé Pretim subiu ao palco. Acompanhou uma das mais conhecidas canções da banda: “Blues da Solidão”, que por sinal ajudou a compor os arranjos. Luís Ávila estava com uma energia incrível e mais uma vez mostrou porque é considerado um dos melhores guitarristas do Mato Grosso do Sul. Solos incríveis que ecoaram no Blues Bar como um “chamamento” para um sorriso lá de cima de Renato Fernandes. Um momento lindo que lembrou os bons e velhos tempos da banda.
Agora está aí. A Banda Bêbados Habilidosos está mais viva do que nunca e com certeza novas e boas canções autorais virão e agradarão seus fãs. Eè necessário porém que ninguém faça comparações ridículas sobre o antes e depois de Renato Fernandes. É como o grande Ray Charles disse um dia: “É melhor viver cada dia como o último, porque um dia você vai estar certo”. Bons fluídos virão e bem-vinda “Bêbados Habilidosos!”.
Alex Fraga é jornalista, poeta, compositor e escritor. Com mais de 30 anos de carreira na imprensa, já publicou três livros e tem mais um em andamento. Venceu prêmios de contos e poesia, trabalhou como assessor de imprensa, repórter, editor em diversas casas e foi editor-chefe do Jornal Diário da Serra. Hoje presta consultoria nas áreas de educação e jornalismo, onde se especializou.
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